História do Cinema em São Caetano
Tomando depoimentos de ex-proprietários de cinema e moradores antigos desta cidade, ou verificando registros de impostos nos livros da Prefeitura de São Bernardo, podemos afirmar que as primeiras salas de exibição começaram a aparecer na década de 1910.
Entretanto, o termo cinema só se tornou justificável com o surgimento do Cine Central, em 1922, situado à Rua Perrela n° 319.
– OS CINEMAS DA CIDADE:
CINE CENTRAL
CINEMAX
CINE PLANALTO
CINE REAL
CINE URCA
CINE LIDO
CINE VITÓRIA
– A HISTÓRIA:
[PARTE 1 – FAMÍLIA LORENZINI]: Homem dinâmico, afeito aos grandes empreendimentos, Maximiliano Lorenzini comprou o então recém-inaugurado Cine Central, na rua Perrella n° 319, primeira casa de espetáculos da cidade e segunda na região. Durante a Revolução de 24, o Cine Central serviu de hospital e banco de sangue para socorrer os feridos.
Alegre, dinâmico e comunicativo, Maximiliano estava sempre à porta do cinema. Equanto o filho Hermínio cuidava da bilheteria, Ricieri tocava piano antes da sessão. Iniciada a sessão, Maximiliano permitia que todas as pessoas que estivesses fora entrasse, pagando o que pudessem, até lotar completamente a sala de espetáculos.
Mais tarde, em 1928, a família Lorenzini adquiriu também o Cine Parque, que ficou aos cuidados dos filhos Hermínio e Gentil.
Buscando sempre modelos mais modernos, a Empresa Lorenzini montou uma terceira casa de espetáculos: o Cine Max, cujo nome reverenciava seu proprietário. Situado na Avenida Conde Francisco Matarazzo n°1099, o Cine Max foi projetado por um arquiteto alemão e tinha capacidade para 2.250 lugares com uma tela que chegou a ser considerada a segunda da América Latina. Foi inaugurado em 1944 exibindo o filme “Sonhando de Olhos Abertos”.
Após a morte de Maximiliano Lorenzini ocorrida em 21 de julho de 1948, coube aos filhos, já devidamente preparados, a continuação de seu trabalho.
Com o fechamento do Cine Parque, a Companhia Irmãos Lorenzini construiu o Cine Primax, na esquina da Maranhão com a rua Amazonas, que foi inaugurado em 1951, com capacidade para 1.200 lugares.
Também compraram o Cine Urca, na rua Manoel Coelho. Depois de uma ampla reforma, o Cine Urca passou a chamar-se Cine Lido, em 1961, com capacidade para 850 lugares.
Além desses cinemas, havia também o salão paroquial, propriedade dos padres estigmatinos, que foi arrendado pelos Irmãos Lorenzini e, em maio de 1974, transformado em Cine Aquarius, na rua Carlos de Campos, com capacidade para 500 lugares.
Em 1974, o Cine Primax sofreu grandes danos, causados por incêndio. Acabou sendo fechado. No local, foi reaberto, alguns anos mais tarde, o Cine Colonial com 2.500 lugares.
“Maximiliano Lorenzini, meu sogro, foi um pioneiro. Fez do cinema a maior razão de sua vida. O Cinema era a sua segunda família” – diz dona Victoria, que faz questão de perpetuar a história da família Lorenzini como a sua própria história. Os filmes de maior repercussão na época e, por isso mesmo, exibidos mais vezes, foram: “O Cangaceiro” e “O Vento Levou”.
[PARTE 2 – FAMÍLIA SANTARELLI]: No início da década de 50, outra empresa cinematográfica desenvolveu-se em São Caetano, formada pelos filhos de Attílio Santarelli (*responsável pela Inauguração do Cine Central): Enzo Santarelli e Loris Baldo Benito Santarelli. Foram responsáveis pela criação dos cinemas nos bairros da cidade, e outros da região.
A empresa adquiriu, na Vila Gerti, o Cine Átila (antigo Eden), na Rua Visconde de Inhaúma, no ano de 1952, da empresa Tornicasa. Este cinema possuía 800 lugares, e ficava onde é o Banco Itaú. Em 1957, os Irmãos Santarelli fundaram, no mesmo bairro, o Cine Real. Ficava, à Rua Nelly Pelegrino, com capacidade para 1.200 pessoas.
Um terceiro cinema da família Santarelli, em São Caetano, foi o Planalto, à Rua Joana Angélica, Vila Barcelona, onde agora funciona o supermercado Rhodia, com capacidade para 1.200 lugares.
[PARTE 3 – VITÓRIO DAL’MAS]: Nesse bairro Barcelona encontrava-se um outro cinema, o Copacabana, na avenida Goiás, que era dirigido por Bartholomeu Ferrero, no ano de 1958. Nos anos de 196, foi vendido a uma terceira empresa de cinema dirigida pela família de Vitório Dal’Mas que mudou o nome para Cine Alvorada.
A mesma empresa construiu, em 1953, à Rua Baraldi, um prédio de quatro andares com uma área de 12.000m2, contendo um luxuoso cinema: com a participação da mais fina sociedade foi inaugurado o Cine Vitória. (nome em homenagem ao chefe da família, Vitório Dal’Mas). Alguns anos mais tarde, transformou-se em dois, ou seja, duas salas de projeção: Vitória I e Vitória II.
O charme da época de ouro fica na memória de cada um.
*Créditos: Fundação Pró-Memória de São Caetano
– Fonte 1: Revista RAÍZES (jul/1991) Escrito por Sônia Maria Franco XAVIER
– Fonte 2: Revista RAÍZES (jul/2010)
– Foto Divulgação: Ilustrativa